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Brasil contaminado de óleo por afluentes da Venezuela?


Sem manutenção devido ao colapso econômico, tubulações estão deterioradas. Região produz 160 barris por dia.

O cheiro lembra o de uma refinaria e o óleo impregna tudo o que toca. No oeste da Venezuela, o Lago de Maracaibo, cujo subsolo está cheio de petróleo, sofre com constante vazamento, alimentado por oleodutos e poços sem manutenção.

"Veja, por causa do vento do sul, o petróleo está por todos os lados", lamenta Paúl, um pescador de Cabimas que não quis revelar o sobrenome.

O pescador atual perto da margem oriental do Lago Maracaibo – uma imensa extensão de água de 13,2 mil km², e se liga ao mar do Caribe por um estreito. Suas ferramentas de trabalho atestam: o casco da embarcação está coberto por uma camada de petróleo e as redes estão enegrecidas após terem sido submersas na água contaminada.

"Quando saímos para pescar, ficamos todos sujos de petróleo. Afeta nossa saúde porque nos lavamos com gasolina para tirar as manchas", explica Paúl.


Água verde e poças pretas

A contaminação é visível por todos os lados. Manchas de petróleo abrem caminho na água verde e as margens ficam salpicadas de poças pretas e pastosas. Do alto de uma palmeira, uma ave se agita para tentar se desfazer do petróleo que cobre suas asas. Em vão.

Giovanny Villarreal é vizinho de Paúl e também é pescador. Em um cesto, dá para ver como parece modesta a pesca do dia: há poucos caranguejos, que se contorcem.

"Cinquenta por cento das espécies vêm impregnadas de petróleo e para nós é impossível que as comprem e nos vemos obrigados a jogá-las no lago", conta.


Giovanny é testemunha deste "constante vazamento de petróleo". Sua casa foi construída sobre palafitas no lago. "Às vezes, à noite não podemos dormir porque cheira a gás. O gás produzido pelo petróleo", explica o pescador.

"E ficamos com os pulmões afetados, sobretudo as crianças".

Antes de deixar sua marca no ecossistema, os hidrocarbonetos que jazem debaixo do lago impulsionaram a riqueza em Maracaibo, a segunda cidade do país, e de toda a região oeste da Venezuela.

"Há mais de cem anos petróleo é extraído debaixo do lago", afirma o economista Orlando Ochoa, especialista no setor petroleiro.

Agora, a Venezuela, que abriga as maiores reservas mundiais de ouro negro, atravessa a pior crise econômica de sua história recente. O colapso do setor petroleiro é tanto uma causa como uma consequência.


'Não dão as caras'

A PDVSA não publicou cifras do volume de petróleo que vaza diariamente no Lago de Maracaibo. A AFP pediu a informação à companhia, mas não obteve resposta.

Yurasi Briceño, bióloga do Instituto Venezuelano de Pesquisas Científicas, estatal, concentrou seu trabalho na fauna da parte setentrional do lago. Onde ela trabalha, "há pelo menos oito plataformas e três delas estão liberando petróleo desde outubro do ano passado", diz.

Ao longo de suas pesquisas, assegura ter encontrado com frequência mamíferos, como golfinhos e peixes-boi, afetados.

"Temos visto os peixes irem para a margem, todos manchados de petróleo, e têm toda a pele machucada pelo petróleo. Nós, como últimos consumidores da cadeia alimentar, que comemos caranguejos e camarões, também nos contaminamos" com os elementos tóxicos que os animais ingeriram, afirma a cientista.

Em Cabimas, Giovanny assegura ter feito apelos à indústria petroleira e ao Ministério do Meio Ambiente para que apareçam, se encarreguem do assunto mas, lamenta ela, "não dão as caras".

É que o problema não é apenas a contaminação. Nos últimos anos, com a crise econômica, a pirataria aumentou no Lago de Maracaibo.

"Assaltaram-me sete vezes com armas e me roubaram o motor e as espécies", queixa-se, impotente.


O Lago de Maracaibo, localizado ao noroeste do território venezuelano é a maior fonte de riquezas da região. ... A Bacia de Maracaibo circundante contém grandes reservas de petróleo, fazendo da região um grande centro de lucros para a Venezuela.

A Bacia Hidrográfica do Rio Maracaibo abrange e poderia afetar as regiões do Brasil?

O Relevo da Venezuela tem as seguintes características: litoral com várias penínsulas e ilhas; 2 cadeias da cordilheira dos Andes (N e NO); lago de Maracaibo (entre as cadeias, no litoral); delta do rio Orinoco (SE); região de platôs baixos (L do Orinoco); planalto das Guianas (O do Orinoco); montanhas (SE).[1]

No complexo embasamento do Planalto das Guianas e na linha de cristal dos maçicos Marítimo e da Cordilheira, na Venezuela, encontram-se as mais antigas formações rochosas da América do Sul. A parte venezuelana do Planalto das Guianas consiste num grande bloco de granito de gnaisses e de outras rochas cristalinas do Arqueano, com camadas subjacentes de arenito e de argila xistosa. O núcleo de granito e da Cordilheira é, em grande parte, flanqueado por camadas sedimentares do Cretáceo, dobradas num estrutura anticlinal. Entre esses sistemas orográficos existem planícies cobertas de camadas terciárias e quaternárias de cascalho, areia e marga argilosa. A depressão em que se encontram lagunas e lagos, entre os quais de Maracaibo, apresenta, na superfície, depósitos de aluvião do Quaternário, sobre camadas do Cretáceo e do Terciário particularmente importantes, porque delas afloraram infiltrações petrolíferas.[1]


O rio Orinoco (ou Orenoco) é um dos principais rios da América do Sul, e tem a terceira maior bacia hidrográfica neste continente, cobrindo uma área de 880 000 km². É o principal rio da Venezuela, abrangendo quatro quintos do território do país, que percorre sinuosamente por 2 740 km. Além da Venezuela, a bacia do Orinoco abrange um quarto do território da Colômbia, o rio Orinoco também forma o Amazonas no Brasil.

A sua nascente é na serra Parima, no sul da Venezuela, próximo da fronteira do Brasil, a uma altitude de 1047 m. Descendo os contrafortes da serra com violência devido a uma forte inclinação na direção oeste-noroeste, chega a ter 500 m de largura com corredeiras espetaculares. A partir de uma bifurcação em seu leito, o curso do rio muda para a direção noroeste. Ainda no alto curso o rio tem um braço chamado de canal Casiquiare, que interliga o Orinoco com as águas do rio Negro, o principal tributário da margem esquerda do rio Solimões. Circunda assim o Planalto das Guianas.

O seu principal afluente é o rio Caroni.

Os presidentes do Brasil e da Venezuela inauguraram uma segunda ponte sobre o rio Orinoco em 13 de novembro de 2006.

O rio foi homenageado pela cantora irlandesa Enya na música Orinoco Flow, de 1988. A música virou hit em diversos países do mundo.


Podem-se distinguir três divisões no relevo venezuelano:

Montanhas Setentrionais: constituem uma ramificação da cordilheira Ocidental dos Andes Setentrionais. Penetram no país pelo oeste, prosseguem na direção nordeste e depois para leste, até o golfo de Paria e a ilha de Trinidad, diminuindo gradualmente de altitude. Essa cordilheira compõem-se de cadeias paralelas entremeadas de vales e flanquedas por páramos.

A parte ocidental denomina-se serra Nevada de Mérida e seus picos atingem mais de 4.800 m, como o pico Bolívar (5.007 m). Os páramos alcançam altitude entre 2.400 m e 3.000 m e alguns vales situam-se entre 1.200 m 1.600 m de altura. Na direção leste, as montanhas Setentrionais, conhecidas como Andes Marítimos, declinam até quase desaparecer, ressurgindo mais adiante, paralelas ao golfo de Paria. Vários esporões, de 900 m a 1.500 m de altitude, estendem-se para o norte, encerrando a depressão de Maracaibo (a leste) e constituindo vasta região onde baixas elevações se alternam com vales. Na parte oeste dessa área, encontram-se os montes Segóvia.


[1]Bacia do Orinoco: A sul dessa região montanhosa acha-se a bacia do Orinoco, extensa planície aluvial que sobe suavemente até encontrar os Andes no centro do país; a sul do rio, essa planície eleva-se abruptamente para o planalto das Guianas. Do sopé dos Andes colombianos a planície estende-se até o delta do Orinoco.


Planalto das Guianas: A sul e sudeste da bacia do Orinoco estende-se a parte venezuelana do planalto das Guianas, denominada La Gran Sabana. Na fronteira do Brasil e da Guiana acha-se o grande altiplano de Roraima com 2.773 m de altitude. Grande parte do planalto das Guianas é entrecortada de cursos d'água, que correm em profundas gargantas e caem, às vezes, de grandes altitudes, formando quedas d'água como o salto Angel, a catarata mais alta do mundo (1.000m). Para nordeste, essas elevações descem até uma depressão. Entre esta última e o delta do Orinoco eleva-se outra cadeia de montanhas, a serranía Imataca e a altiplanície de Nuria. Na fronteira com o Brasil encontram-se as serras Pacaraima e Parima.

Por Samantha Lêdo

Fonte|:

G1

Wikpedia


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